f

Get in on this viral marvel and start spreading that buzz! Buzzy was made for all up and coming modern publishers & magazines!

Fb. In. Tw. Be.
Image Alt
/Sem categoria /O “novo” coreto

O “novo” coreto

No decorrer das próximas semanas perpetua-se a memória. Apresentamos momentos, eventos e histórias que marcaram o percurso de vida da BD2J. Grande parte destes podem encontrar no livro da associação Aspectos da Vida da Banda Democrática 2 de Janeiro por Rui Aleixo.

O novo coreto foi inaugurado no dia 20 de outubro de 1923, realizando-se uma festa, que durou três dias. Duas barracas de quermesse e de tômbola, ruas limítrofes engalanadas, recinto da praça embandeirado, eis o cenário montado para a cerimónia de inauguração. O coreto foi construído sobre uma base octogonal de pedra e cimento onde assentavam oito colunas de ferro, ligadas entre si, na base, por uma guarda metálica, e, no topo, por um fino arco gótico em ferro, que suportavam uma cúpula em ferro zincado, construída por Francisco José da Silva e António Feliciano Canastreiro, que custou 7.500$00. A obra totalizou 12.969$83, «não contando com o valor das oito colunas oferecidas pela firma Armstrong, Schola e Cª, com as ofertas de areia e os fretes de carroça dos senhores António Costa, António da Silva Russo Jr., José Anaia, José António Issa Jr, entre outros». A assembleia geral, que se realizou no dia 14 de janeiro, distinguiu com um voto de louvor Luciano Fortunato da Costa atendendo ao «esforço hercúleo despendido pelo consócio, levando a bom termo a construção do coreto». Embora a direcção tivesse considerado que o coreto era «uma obra que ficará perpetuando muitos sacrifícios, muita força de vontade e muito amor pelo progresso da nossa terra», reconheceu, em junho do ano seguinte, que a praça tornara-se pequena para as ambições da Banda Democrática e passou a almejar um espaço mais amplo à medida da importância que alcançara durante a primeira década de vida. Na assembleia geral realizada em Junho de 1924, foi apresentada uma proposta para a constituição de uma “comissão para a mudança do coreto para a Praça da República”, que foi presidida pelo maestro Amadeu de Moura Stoffel, e integrou entre outros, Francisco dos Santos, Lúcio Lopes Jr. e José Porfírio, com o fundamento que «o largo onde se encontra o coreto é tão pequeno e acanhado que as festas que ali se promovam não dão receita para a banda viver e só redundam em estonteante sacrifício para os executantes e seu regente, sem proveito que recompense, o que se não dá na grandiosa e ampla Praça da República, onde à vontade pode ocorrer o povo e especialmente as senhoras que profundamente lastimam o facto de não poderem abrilhantar as nossas festas no acanhado largo em que está o coreto, pelo facto da sua limitada área.» A proposta, apesar de ter sido aprovada por uma expressiva maioria de votos, não deixou de ser contestada por um grupo de sócios que propôs que a mudança fosse feita para a Largo das Palmeiras (Praça Gomes Freire de Andrade), considerando, porém, a assembleia que esta «não possuía condições de asseio e embelezamento» e, por outro lado,
porque já constava «que a câmara projectava fazer ali o mercado de peixe e hortaliças». Em cumprimento da decisão da assembleia geral, a direcção requereu à Câmara Municipal autorização para desarmar o coreto e colocá-lo em frente à Igreja Matriz, comprometendo-se em concluir a obra em sessenta dias e afiançando que a mesma iria contribuir «para melhor embelezamento da referida Praça, e por conseguinte, da vila.» A Banda Democrática 2 de Janeiro era uma instituição assumidamente laica e anticlerical e, por isso, a pretensão não foi vista com bons olhos pelas forças conservadoras da vila. O indeferimento da Câmara Municipal de Aldegalega ao pedido formulado pela Banda Democrática, que não teve o apoio do presidente do Senado Municipal, levou Paulino Gomes a bradar aos democráticos, nas páginas do jornal “A Liberdade” : «a Praça da República também é vossa, tanto vossa como deles, daqueles que receiam que os vossos fatos de trabalho roceguem pelas suas vestes de protegidos da fortuna. Para o Largo das Palmeiras que vão eles! Para a Praça da República é que devemos de ir e de cabeça erguida e coração ao largo.» A Câmara Municipal de Aldegalega acabou por autorizar a construção do coreto na Praça Gomes Freire de Andrade, «no sítio entre o moínho e a Avenida em construção» conforme acabou por sugerir a direcção da Banda. Por sua vez, a Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, que tinha o seu velho coreto localizado no centro da praça, logo se apressou a construir um novo, em 1926, no local onde ainda hoje permanece, com o apoio, entre outros, do Dr. César Ventura, médico e filantropo e abastado lavrador, e do Padre Gomes Pólvora, que, segundo Paulino Gomes, foi «um dos indivíduos que mais influiu para que a Câmara Municipal indeferisse o pedido de mudança [do coreto]». Ao iniciar a campanha de obras, a colectividade reconheceu que «é com imensos sacrifícios, que nos abalançamos a esta obra, mas em nada nos pouparemos, cônscios de que vamos contribuir para o engrandecimento da nossa terra». E porque era um tempo em que a palavra dada era para ser honrada, sócios, dirigentes e amigos, sob a direcção de uma comissão composta pelo maestro Amadeu de Moura Stoffel, José Luís Cardeira e José Porfírio Ezequiel, empenharam todos os esforços, dedicação e muitos bens para erguer o coreto, que custou cerca de 80.000$00, uma fortuna para a época. Abriu-se uma subscrição pública a que a população do Montijo correspondeu. Noticiava então o jornal “A Liberdade”: «O entusiasmo por este novo melhoramento da Banda, tem sido tanto que, logo no primeiro dia, se viam trabalhando afanosamente e desinteressadamente directores e sócios daquela associação» e reconhecia que «a nova construção, num dos largos de mais belo futuro e de maior amplidão e formosura, deve contribuir para que, dentro em pouco, Aldegalega conte em si um verdadeiro local de recreio e de aprazimento para os seus habitantes». Assim veio a acontecer. Depois de ter sido lançada a primeira pedra pelo maestro Amadeu de Moura Stoffel, o mestre pedreiro Custódio Pôlas responsabilizou-se pelas obras respeitantes à alvenaria e uma empresa industrial ofereceu as nove colunas para sustentar a cobertura do coreto.

You don't have permission to register