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Eventos de outrora: Festa da Fruta

No decorrer das próximas semanas perpetua-se a memória. Apresentamos momentos, eventos e histórias que marcaram o percurso de vida da BD2J. Grande parte destes podem encontrar no livro da associação Aspectos da Vida da Banda Democrática 2 de Janeiro por Rui Aleixo.

“«A Banda Democrática levou a efeito, nos dias 23, 24 e 25, as festas da Família, que resultaram brilhantíssimas. A sala do armazém achava-se vistosamente engalanada, havendo na mesma dispostas, uma tômbola, em que eram sorteadas garrafas de vinho fino e de mesa, uma barraquinha de prendas algumas das quais de subido valor e de muito bom gosto, representando uma árvore do Natal, profusamente iluminada a cores, e uma outra também representando também a árvore de Natal, onde se vendiam postais, bolos secos, pudins, etc. A Banda executou alguns números de música, após o que um grupo de filarmónicos tocava
outros números próprios para a dança. Na segunda e na terça-feira, além do grupo musical, eram os números de dança executados pelo menino Paulino Gomes Júnior, tendo também gentilmente executado algumas peças ao piano a Exma. Sra. D. Maria Cândida Rodrigues de Anunciação distinta professora particular. Também havia instalado na sala um magnífico serviço de bufete. A animação e a concorrência foram sempre extraordinárias, tendo na noite de terça-feira atingido uma proporção incalculável. No dia 25 realizou-se o bodo aos pobres, que foi empolgante de simplicidade e bondade. Festas como estas em que os pobres não são esquecidos e em que a aproximação familiar se patenteia democraticamente e encantadoramente deviam repetir-se de vez em quando».
***
Foi, porém, a Festa da Fruta que, pela sua originalidade, se tornaria por excelência na Festa da Banda Democrática, e que ainda hoje perdura na memória da instituição e da população mais idosa do Montijo. Aldeia Galega do Ribatejo, que tomou o nome de Montijo, em 6 de junho de 1930, era composta inicialmente por três núcleos populacionais distintos: a Este, a zona dos fazendeiros e dos chacineiros, ao Centro, a do comércio e das estalagens e a Poente fixaram-se os pescadores.

Quando se fundou a Banda Democrática 2 de Janeiro de 1914, embora a vila já se tivesse erguido como uma teia de casario, conservava ainda bem vincada aquela divisão social, que acicatava bairrismos. À data da criação da Banda Democrática, além de outras associações de carácter corporativo ou eminentemente recreativo e de menor expressão, pontificavam a Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, de
cunho conservador, e o Musical Clube Alfredo Keil que, pese embora a forte influência inicial dos republicanos, transformar-se-ia, com o rolar dos anos, na mais elitista das instituições montijenses. Um pequeno dístico, ainda hoje existente no guarda-vento, marca-lhe a distinção: “Clube Privado”.
A Banda Democrática, pelo contrário, vai resguardar no seu seio uma forte representação de fazendeiros, trabalhadores rurais e operários, além de pequenos proprietários e comerciantes e alguns intelectuais, que tingiram o seu carácter eminentemente popular. Ali passaram a reunir-se também os mais humildes dos humildes, «os homens rudes e pobres». Foram os trabalhadores rurais que instituíram a Festa da Fruta, que se transformou no símbolo festivo mais importante da Banda Democrática 2 de Janeiro, apresentada, deste modo, pelo jornal “O Domingo”, na edição de 12 de outubro de 1919: «Começaram ontem as festas promovidas pela classe dos trabalhadores rurais d’esta vila, vendo-se a praça 1º de Maio gostosamente ornamentada com verdura, balões e bandeiras. Oje deve
realizar-se o anunciado «pic-nic» a Rio Frio, devendo ir ali muita gente que aproveitará a ocasião de ver um dos mais importantes fabricos de vinho do mundo. A festa terminará amanhã, havendo lavagem à quinta do Saldanha e depois arraial até à noite, tocando no coreto a simpática Banda Democrática.» Quando a Banda Democrática se institucionalizou passou a realizar anualmente aquela festa com o apoio dos fazendeiros e dos trabalhadores rurais, que constituíam a maioria dos seus sócios, para a alegria da população e saúde dos seus cofres.
«A Festa da Fruta, que anualmente se costuma realizar nesta quadra, consta de arraial, concertos pela Sociedade promotora, provas desportivas, cavalhadas, quermesse, tômbola, argolas, fogo de artifício e exposição de productos agrícolas, generosamente oferecidos pelos inúmeros amigos que esta colectividade conta entre a população rural», assim detalhava o programa da festa realizada nos dias 24, 25 e 26 de setembro de 1927. O rolar dos anos não alterou o figurino da festa e, seis anos mais tarde, o “Jornal de Montijo”, com o título “Festa da Fruta” noticiava:
«Realizou-se com grande brilhantismo esta tradicional festa anual, promovida pela Banda Democrática. Nos dias 1,2 e 3, realizaram-se os arraiais, com concertos pela banda promotora, quermesse, cervejaria, e a tradicionalíssima barraca de fruta, encontrando-se nela o melhor que há de fruta nesta região e nesta quadra.
No dia 2 houve o anunciado pic-nic a Rio Frio(…). No dia 3 e último dia, procedeu-se à arrematação da Bandeira da Iana, que como sempre foi muito interessante pela sua originalidade, e à rifa do burro de raça alemã, oferecido pelo maestro A. Stoffel.» Mas, não se tratava só de exposição de frutas, era, para melhor a
caracterizar, uma exposição agrícola onde se podiam adquirir “legumes, caça, criação, doces, vinhos finos, etc.”, enquanto a banda tocava no coreto e se apelava ao divertimento na “quermesse, tômbola, cervejaria e argolas, em barracas construídas propositadamente para esta festa por comissões de amigos.”
A festa chegou a incluir uma “lavagem, no estaleiro” e arrematação de bandeiras: a da Iana, bandeira primitiva, propriedade de um grupo de amigos denominado “Rambóias”, de que se perdeu a notícia da sua origem, a do Pic-nic e uma outra inominada oferecida por um amigo da Banda. A festa realizava-se no último fim de semana de setembro ou no primeiro de outubro e a sua essência não se alterou até ao seu declínio, no final da década de cinquenta. Em 1951, ainda se partia, cerca das 8H30, em carroças, para o pic-nic em Rio Frio donde se regressava às 19H00, para “percorrer em cortejo as principais ruas da vila, com carroças vistosamente iluminadas.”
Após alguns anos de interrupção, a Banda Democrática voltou a realizar a Festa da Fruta, no início do mês de outubro de 1960, na esplanada da sede, com concertos, bailes, quermesses, arrematação de oferendas e um piquenique a Rio Frio, não conseguindo, contudo, reatar a tradição. A Festa da Fruta, que começou por se realizar na Praça 1º de Maio, a praça dos trabalhadores rurais, passou a ocupar a Praça Gomes Freire de Andrade, a partir da década de quarenta

No panorama das festas realizadas pela colectividade registe-se o dia do aniversário da sua fundação comemorado ao longo dos anos com a realização de uma sessão solene e homenagem aos sócios, a par de outras iniciativas culturais, desportivas e recreativas.”

 

In Aspectos da Vida da Banda Democrática 2 de Janeiro por Rui Aleixo 

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